terça-feira

Aprendizagem Significativa

Para que o aluno aprenda não basta apresentar-lhe o conteúdo, segundo Zabala (1998, p.37) “ […] é necessário que diante destes possam atualizar seus esquemas de conhecimento, compará-los com o que é novo, identificar semelhanças e diferenças e integrá-las em seus esquemas, comprovar que o resultado tem certa coerência, etc.” Quando isso acontece o aluno de depara com uma aprendizagem significativa. Enquanto que a aprendizagem mecânica é caracterizada pelo escasso número de relações que podem ser estabelecidas com os esquemas de conhecimento presentes na estrutura cognitiva e, portanto, facilmente submetida ao esquecimento.
O vídeo abaixo é um exemplo de uma aprendizagem significativa, desafiadora; e demonstra que a escola não precisa se preocupar se as crianças aprendem ou não, mas com dar chances às crianças para vivenciarem o que precisam aprender; sentirem que o que fazem é significativo e vale a pena ser feito.


Referência Bibliográfica:

ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

segunda-feira

Alfabetização de crianças com seis anos


Ensinar é uma tarefa complexa que requer do profissional da educação conhecimento, autonomia, autoria, criatividade e prazer. Hoje nos posicionamos aos erros e acertos que ocorreram com a adentrada do construtivismo nas escolas, a fala mais comum, proferida inclusive por mim, é de que, não houve formação para os professores o que acabou por confundir construtivismo como método de alfabetização, ou em alguns casos como espontaneísmo, onde tudo podia pelo aluno, mas nada podia pelo professor. Este deparou-se com a situação do qual deveria esquecer sua prática pedagógica, pois a mesma era equivocada, e iniciar uma nova trajetória no qual até o uso da caneta vermelha era considerada errada. Ditado, silabação... nem pensar! Situação que marcou toda uma geração. Faltou estudar a proposta, discutir o melhor caminho, faltou bom senso, pois no próprio Programa Curricular Nacional nos deparamos com a seguinte colocação.

Os PCNs, pela sua própria natureza, configuram uma proposta aberta e flexível, a ser concretizada nas decisões regionais e locais sobre currículos e sobre programas de transformação da realidade educacional empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas escolas e pelos professores. Não configuram, portanto, um modelo curricular homogêneo e impositivo, que se sobreporia à competência político-executiva dos estados e municípios, à diversidade política e cultural das múltiplas regiões do país ou à autonomia de professores e equipes pedagógicas.

O fato é que agora nos deparamos mais uma vez com esta situação e a história se repete, o ensino fundamental foi ampliado em um ano e percebo que muitos professores e supervisores escolares estão “perdidos” e a fala mais comum é “ Afinal, é pra alfabetizar”? Em uma sociedade letrada a alfabetização é e precisa ser um continuum, uma criança de seis anos quer e pode ser alfabetizada, o problema é como isto ocorre nas salas de aula. Os dados do Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional (INAF 2009) mostram que nossas crianças passam por uma alfabetização que não alfabetiza, quando aponta que apenas 15% dos alunos que concluem o Ensino Fundamental podem ser considerados alfabetizados plenos, este dado não se refere apenas a escolas públicas, é um dado nacional que envolve também as instituições privadas.
Inicialmente todo professor precisa conhecer a proposta do MEC para esta ampliação, em 2004 o Ministério da Educação protocolou um documento intitulado “Ensino Fundamental de Nove Anos – Orientações Gerais” no qual apresenta o objetivo desta ampliação:

[...] não se trata de transferir para as crianças de seis anos os conteúdos e atividades da tradicional primeira série, mas de conceber uma nova estrutura de organização dos conteúdos em um Ensino Fundamental de nove anos, considerando o perfil de seus alunos. O objetivo de um maior número de anos de ensino obrigatório é assegurar a todas as crianças um tempo mais longo de convívio escolar, maiores oportunidades de aprender e, com isso, uma aprendizagem mais ampla. (p.17)

O mesmo documento complementa

Tudo isso deve acontecer num contexto em que cuidados e educação se realizem de modo prazeroso, lúdico. Nesta perspectiva, as brincadeiras espontâneas, o uso de materiais, os jogos, as danças e os cantos, as comidas e as roupas, as múltiplas formas de comunicação, de expressão, de criação e de movimento, o exercício de tarefas rotineiras do cotidiano e as experiências dirigidas que exigem que o conhecimento dos limites e alcances das ações das crianças e dos adultos estejam contemplados. […] as estratégias pedagógicas devem evitar a monotonia, o exagero de atividades “acadêmicas” ou de disciplinamento estéril. (p.16)


Sugere que se apresente para estes sujeitos uma escola que seja um espaço de prazer e de alegria (p.11). Este espaço pode e deve ser apresentado a estes sujeitos, mas não da maneira que ocorre em muitas salas de aulas, pois ainda é visível uma alfabetização que não alfabetiza, que impõe, memoriza, pura técnica. Este modelo de alfabetização a muito se mostra ineficaz e se antes os alunos reprovavam e abandonavam a escola, hoje todos permanecem em suas carteiras. O tempo é outro, a criança é outra, mas a prática permanece a mesma e a ciência prova que todos aprendem quando são estimulados, desafiados. Essas crianças querem ser alfabetizadas, mas por uma alfabetização que alfabetize.
Em outro documento disponibilizado pelo MEC, com o título “Orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade”, no qual há a participação de teóricos renomados, e que todo professor deveria ter conhecimento está a seguinte colocação:

 
[...], é preciso, ainda, que haja, de forma criteriosa, com base em estudos, debates e entendimentos, a reorganização das propostas pedagógicas das secretarias de educação e dos projetos pedagógicos das escolas, de modo que assegurem o pleno desenvolvimento das crianças em seus aspectos físico, psicológico, intelectual, social e cognitivo, tendo em vista alcançar os objetivos do ensino fundamental, sem restringir a aprendizagem das crianças de seis anos de idade à exclusividade da alfabetização no primeiro ano do ensino fundamental de nove anos, mas sim ampliando as possibilidades de aprendizagem. (p.11)

Professores, leiam, estudem... conhecimento é fundamental para que os mesmos erros não sejam cometidos. Alfabetizar não é memorizar, não é impor, não é copiar ou preencher atividades em folhas fotocopiadas. Alfabetizar é encantar, construir, é adentrar em novos mundos. Somente o conhecimento nos dá a chave para autonomia e a autoria. “Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar.” Bom senso é fundamental para que daqui a alguns anos nosso discurso não tenha a seguinte fala.... No final da década de 2.000 o ensino fundamental foi ampliado para 9 anos e ocorreram alguns erros, entre eles, a falta de formação para os professores e a transferência do currículo da antiga primeira série para o primeiro ano, no qual os alunos passavam suas horas na escola copiando atividades inócuas em vez de experienciar e vibrar com a escrita e a leitura. Isto marcou uma geração inteira.


Ensino Fundamental de Nove Anos, 2004. Disponível:


Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Disponível: http://www.oei.es/quipu/brasil/ensino_fundamental_9anos.pdf


terça-feira

Os Diversos Métodos de Ensino da Leitura e da Escrita

                   Conforme Magda Soares:
As cartilhas desapareceram do mercado. Não se fala mais em cartilha, fala-se em livro de alfabetização. Mas com o desaparecimento das cartilhas, praticamento desapareceu também o conceito de método. Não é possível ensinar a ler e escrever, ou qualquer coisa em educação, sem um método. Há poucos livros de alfabetização que tenham uma organização metodológica para orientar professores e crianças envolvidos neste processo de aprendizagem. Os professores usam precariamente os livros de que dispõe ou buscam as cartilhas nas prateleiras da biblioteca da escola.

Para complementar esta discussão, a Prof. Drª Otília Lizete Heinig (Furb) falou no I Simpósio Catarinense de Alfabetização, ocorrido em 2010 na cidade de São José (SC) sobre o “vazio metodológico” percebido nas suas pesquisas quando ouve dos professores a seguinte colocação “Estou meio perdido, não sei se este é o caminho”!
Os professores alfabetizadores com experiência em alfabetizar sabem pela prática pedagógica que não basta ofertar as crianças diversidade em gêneros textuais se não houver uma metodologia para que a criança compreenda o funcionamento do código linguístico. O professor alfabetizador precisa explicar para o aluno que o “B” com “A” forma um novo som “BA”, se for acrescentado um “R” no meio, o som passará a ser “BRA”, se for um “L” o novo som som será “BLA”.
Afinal, quantos diferentes sons são formados com 18 (dezoito) consoantes e 5 (cinco) vogais, sem considerar as letras K, W e Y que pouco aparecem em substantivos comuns? Para a criança este processo complexo é amplamente abstrato e o método para que o compreenda é primordial.
Falar em método para alfabetização transformou-se em tabu após a entrada do “construtivismo” nas escolas, confundido com “espontaneísmo” no final da década de 90. Emília Ferreiro critica a limitação que as cartilhas traziam quando ofertavam a criança “Ivo viu a uva”, ou então “O bebê baba”, mas não há escritos seus que criticam métodos, ou os avalia. O que precisa ficar claro para o professor alfabetizador é que a cada tempo o indivíduo está em uma situação histórica diferente, sendo assim, a cada tempo ensinar precisa ser diferente. Portanto utilizar-se de método para alfabetizar não é retornar a cartilha, mas ressignificar as atividades para que seu aluno avance no nível conceptual linguístico ao respeitá-lo como um sujeito do seu tempo .
Os Métodos do ensino da leitura e da escrita podem ser classificados como SINTÉTICOS e ANALÍTICOS:
SINTÉTICOS: São métodos que levam o aluno a combinar os elementos isolados da língua: sons, letras e sílabas. Baseiam-se na concepção de que o ensino da leitura e da escrita deve começar pelos elementos que compõe a palavra. E a medida que esses elementos são apreendido, passam a ser combinados em unidades linguísticas maiores. O aluno aprende as letras, forma as sílabas, palavras e unidades maiores.
O método sintético apresenta-se como:
- Método Alfabético ou Soletrativo: deu origem ao termo alfabetizar. O aluno aprende o nome das letras e suas formas - Maiúscula e Minúscula. A sequência do alfabeto e para combinar as letras entre si para formar sílabas e palavras.

- Fonético: Passou a ser adotado em lugar do alfabético na tentativa de superar a grande dificuldade existente naquele por causa da diferença entre o nome e o som da letra. O aluno aprende inicialmente os sons das letras isoladas e depois reúne em sílabas que formarão as palavras.

- Silábico: A sílaba é a unidade fonética estabelecida para o ponto de partida do ensino da leitura. O aluno aprende inicialmente as sílabas, a combinação entre elas e chega à palavra.

                    ANALÍTICOS: São métodos que levam o aluno a analisar o todo (palavra) para chegar às partes que a compõem. Frequentemente estes processos são conhecidos como GLOBAIS.

O método analítico apresenta-se como:

Palavração: Comenius é apontado como o introdutor do método analítico palavração, quando em 1657 publica sua obra “Orbis Pictus”, no qual associa imagem e palavra. Neste método a palavra é apresentada ao aluno, muitas vezes acompanhada da imagem, porém a atenção é dirigida aos detalhes da palavra como sílabas, letras e sons. E estes, depois reunidos, auxiliam o aluno a enfrentar palavras novas com autonomia de leitura. Para o método ser palavração a palavra deve ser composta de decomposta para que o aluno perceba suas nuances, ofertar lista para o aluno não é o método analítico palavração.

Sentenciação: O aluno parte de uma frase que a turma está discutindo, visualiza e memoriza as palavras que formam esta sentença, depois analisa as sílabas que formam cada palavra para formar novas palavras.

Contos e Historietas: É uma ampliação do método de sentenciação. O aluno parte de pequenas histórias, letras de músicas... para chegar nas palavras, sílabas e com estas sílabas formar novas palavras.

                   O professor alfabetizador precisa conhecer os métodos de alfabetização e estudar sempre para não virar refém de "enlatados pedagógicos".